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Foto do escritorGerson Steves

Prêmio Bibi Ferreira 2024 - Considerações.

Ontem teve a 11a. Edição do Prêmio Bibi Ferreira. Foi uma festa linda. Uma Celebração do Teatro feita do jeitinho que o Teatro deve ser feito: coletivamente. Graças ao empenho, competência e dedicação espartana de seu idealizador, Marllos Silva.


Prêmio Bibi Ferreira 2024 - Considerações.
Imagem: De Divulgação

Para mim, em minha modesta opinião, a celebração teve muitos pontos altos que merecem ser destacados.


Como sempre digo, Teatro Musical é, antes de tudo, TEATRO. Alguns ainda parecem não entender... mas esse entendimento estava no palco, com a premiação de peças de Teatro de Prosa que foram o ponto alto da temporada: O Primeiro Hamlet, Palhaços, Orfãos, O Vazio na Mala e Tio Vania - apenas para citar alguns dos que considero 'biscoito fino', como diria Oswald de Andrade. Minha admiração absoluta ao trabalho incansável e impecável de nomes como Jose Rubens Chachá, Noemi Marinho, Nana de Castro, Brian Penido e tantos outros.


Também falta entender que uma premiação é uma forma de reserva de mercado para artistas e produtores. Com isso quero dizer que os tais "criativos" estrangeiros (normalmente em segmentos como iluminação, sonorização ou cenografia) não deveriam sequer concorrer - a menos que domiciliados no País - quanto mais serem premiados! Paciência tem limites.


O grande ator e cantor Saulo Vasconcelos, em primeiro ato da noite, leu uma carta aberta a artistas e produtores do Setor de Teatro Musical. A carta (disponível em vários veículos) trata da construção coletiva de um Teatro Musical mais justo para todos os artistas, todos os corpos, todos os "poderes de acesso". Alguns artistas presentes na plateia se levantaram em apoio, como forma de tornar claro o fato de que a leitura podia ser de Saulo, mas a voz era de todos (ou quase). O ato foi articulado pela Comissão do Setor com o apoio do Sated - São Paulo.


Uma de nossas grandes Damas do Teatro recebeu a Homenagem Especial do Prêmio e foi ovacionada. Falo de Nathália Timberg. De sua emocionada fala, destaco: “O teatro é minha casa e é meu templo, qualquer um. É engraçado, em qualquer teatro que eu entro, a primeira coisa que eu faço, que eu sinto vontade de fazer, é passar a mão neste palco - que eu peço licença de habitar por um tempo.”


Ainda faltam produtores (e patrocinadores) de Teatro Musical originalmente brasileiro. Aquele que trata de nossos temas, nossas danças, nossas histórias. Foi bom ver o grande vencedor da noite trazer ao palco um elenco em sua maioria do Norte e Nordeste brasileiro. Falo de Um Grande Encontro, O Musical. Uma obra de rara beleza e com a nossa cara. Codinome Daniel, do Núcleo Experimental também foi lembrado. Mas ainda temos uma grande lacuna a preencher nesse segmento.


Priscilla, Beetlejuice e Cabaret foram os grandes premiados da noite no segmento de Teatro Musical Estrangeiro. Kleber Montanheiro (sozinho) levou duas estatuetas mais que merecidas por seu Cabaret no Kit Kat Club. Outros indicados levaram prêmios significativos, como foi o caso de Giulia Nadruz e a dupla Luciano Andrey e Bianca Tadini, por Funny Girl.

Foi um prêmio que tentou ser ágil... mas prejudicou um pouco os agradecimentos. Prevaleceram os discursos que agradeceram produtores e patrocinadores.


Alguns discursos com teor mais identitário foram dignos de atenção. O jovem ator revelação por Bob Esponja, Davi Sá, me lavou a alma com a frase: "olha: meu corpo também pode representar príncipes!" De minha parte, depois de 40 anos de carreira, talvez seja a primeira temporada teatral em que não vejo os corpos gordos serem tratados exclusivamente como alívio cômico!


De resto, sai Miguel e entra Abravanel. Jovens atores e bailarinos das novas gerações abrilhantaram as apresentações. O etarismo é definitivamente a nossa última fronteira, faltaram presenças 50 e 60+ tanto apresentando quando recebendo prêmios. Aliás, faltam oportunidades para atores e atrizes que ainda têm muita lenha pra queimar.

E toca o Baile!

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