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Foto do escritorPedro Cantelli

Espetáculo “Monstro” aborda adoção homoafetiva e intolerância em curta temporada na SP Escola de Teatro

A Cia. Artera de Teatro estreia "Monstro", obra que discute homofobia, preconceito e a luta por direitos da comunidade LGBTQIA+, com entrada gratuita.

Imagem: Kim Leekyung

O espetáculo "Monstro", da Cia. Artera de Teatro, estreia no dia 6 de setembro, sexta-feira, às 20h30, na SP Escola de Teatro - Unidade Roosevelt, em São Paulo. Com dramaturgia e interpretação de Ricardo Corrêa e direção de Davi Reis, a peça estará em cartaz até o dia 29 de setembro. A curta temporada oferece ao público ingressos gratuitos, disponíveis mediante retirada pelo Sympla.


A trama gira em torno de Léo, um professor de natação que trabalha em uma escola infantil e decide adotar uma criança. No entanto, sua vida muda drasticamente após um aluno o chamar de gay. A partir desse incidente, Léo decide falar abertamente sobre sua sexualidade, abrindo espaço para discutir a aceitação e a inclusão no ambiente escolar. A peça expõe as dificuldades enfrentadas por pessoas LGBTQIA+, especialmente no que tange à adoção homoafetiva, e lança luz sobre a homofobia presente na sociedade.


"Monstro" aborda questões profundamente atuais sobre a família contemporânea e os direitos dos casais homoafetivos. No Brasil, a adoção por casais do mesmo sexo é legalizada desde 2010, quando o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo como uma entidade familiar. No entanto, o preconceito ainda persiste em muitos setores da sociedade, tornando o processo de adoção muitas vezes mais difícil para casais LGBTQIA+.


A peça reflete essa realidade ao explorar a luta de Léo para adotar uma criança, destacando como as barreiras sociais e institucionais ainda afetam aqueles que desejam formar uma família fora dos padrões tradicionais. “Monstro” propõe uma reflexão sobre o que significa ser pai ou mãe nos diversos arranjos familiares que existem hoje, e questiona o porquê de algumas famílias serem tratadas como menos válidas do que outras.


A sociedade frequentemente transforma aqueles que fogem das normas em "monstros", marginalizando-os e privando-os de direitos básicos. "Monstro" expõe essa realidade ao retratar a crescente exclusão de Léo, que se vê cada vez mais oprimido pelo preconceito homofóbico. A peça sugere que, apesar dos avanços na conquista de direitos, a intolerância ainda permanece profundamente arraigada, principalmente em um país que tem altos índices de violência contra pessoas LGBTQIA+.


Segundo o diretor Davi Reis, o espetáculo propõe uma reconstrução de paradigmas, desafiando o público a repensar o que define uma família e como a sociedade pode se tornar mais inclusiva. "Vivemos em um país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, e, mesmo com algumas conquistas, essa comunidade continua sendo marcada por uma onda conservadora de violência e discriminações," afirma o diretor.


Escrita em 2019, "Monstro" deveria ter estreado nos palcos naquele mesmo ano, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19. Em 2021, uma versão em formato de teatro-filme foi lançada, rendendo ao espetáculo uma indicação ao Prêmio APCA de Melhor Espetáculo. Agora, com sua estreia presencial, a peça se mostra ainda mais relevante, refletindo uma sociedade marcada por conflitos sociais e pelo conservadorismo crescente.


Para a Cia. Artera de Teatro, que se dedica a temas relacionados à comunidade LGBTQIA+, "Monstro" é mais do que uma peça teatral: é uma manifestação artística e política que desafia as estruturas sociais e educacionais, colocando em cena questões que muitas vezes são silenciadas.


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