Sob a idealização de Roberta Collet e a direção de Reginaldo Nascimento, o espetáculo "Memórias do Mar Aberto: Medeia conta sua história" propõe uma desconstrução da imagem da mitologia clássica, conferindo-lhe contornos feministas e contemporâneos.
Roberta, que também assume o papel principal, traz à montagem o texto da renomada dramaturga Consuelo de Castro, apresentando Medeia por uma perspectiva inédita: na trama, ela é retratada com ideais políticos, liderando a expedição dos Argonautas no lugar de Jasão. Segundo o mito, a missão desses navegantes era buscar o Velocino de Ouro, um presente divino capaz de atrair prosperidade.
"Sempre quis montar Medeia e convidei o diretor Reginaldo para embarcar nessa ideia comigo. Mas ele preferia atualizar o original, para se conectar com questões do nosso tempo. Assim, durante nossa pesquisa, encontramos a dramaturgia da Consuelo, que se casava perfeitamente com o que queríamos", compartilha Roberta.
De acordo com o diretor Reginaldo Nascimento, a concepção do espetáculo busca uma encenação limpa, com foco na força das palavras e na potência das interpretações. O cenário é minimalista e a trilha sonora serve apenas para ambientar o espectador.
Na proposta cênica, todos os personagens já estão mortos - exceto Medeia, que se tornou um símbolo. "Como minha ideia é que ela esteja expurgando os pecados, a narrativa acontece em retrospecto, como um filme. Ou seja, o palácio já foi queimado e os filhos já estão mortos. Assim, quero que os atores e atrizes estejam chamuscados pela poeira do fogo e do tempo - e o figurinista Chriz Aizner vai viabilizar isso", detalha o diretor.
"Memórias do Mar Aberto: Medeia conta sua história" estará em cartaz até 24 de março no Teatro Paiol Cultural, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do local.
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