Na comédia Insignificância, personagens como Marilyn Monroe e Albert Einstein se cruzam em uma trama cômica e reflexiva sobre fama, poder e moralidade, sob a direção de Victor Garcia Peralta.
O renomado ator Marcos Veras volta aos palcos com a estreia da peça Insignificância no Teatro FAAP, em São Paulo, em uma temporada que promete instigar o público com uma mistura intrigante de comédia e reflexões profundas. A peça, dirigida por Victor Garcia Peralta e com tradução de Gregório Duvivier, adapta o texto original do dramaturgo britânico Terry Johnson, uma obra de 1983 que especula um encontro inusitado entre quatro figuras icônicas do século XX.
Em uma noite de 1953, em um hotel em Nova York, quatro personalidades norte-americanas se encontram por acaso, criando uma dinâmica fascinante de egos e ideologias. No palco, vemos Albert Einstein (interpretado por Cássio Scapin), a estrela de cinema Marilyn Monroe (Amanda Acosta), seu marido e atleta de beisebol Joe DiMaggio (Marcos Veras), e o polêmico senador Joe McCarthy (Norival Rizzo). A narrativa explora questões existenciais, sociais e políticas em um momento histórico marcado pela Guerra Fria e pela paranoia anticomunista.
Apesar de o título Insignificância sugerir algo trivial, o texto de Johnson examina os impactos de suas ações e ideias no mundo, abordando temas como poder, ciência, fama e responsabilidade. A comédia está presente nas interações desses personagens tão diferentes, enquanto o público é levado a refletir sobre as grandes questões humanas e históricas envolvidas.
Sob a direção de Victor Garcia Peralta, conhecido por seu trabalho inovador no teatro contemporâneo, a montagem ganha uma roupagem vibrante. A cenografia assinada por Chris Aizner recria o ambiente de um quarto de hotel, enquanto os figurinos de Fábio Namatame trazem à tona o glamour e a austeridade de cada personagem. Beto Bruel, responsável pela iluminação, usa jogos de luz para intensificar a tensão e o humor das cenas, criando uma atmosfera intimista e cinematográfica.
A produção conta ainda com a trilha sonora original de Marcelo Pellegrini, que adiciona camadas emocionais à narrativa, e o toque de Vivien Buckup, que trabalhou a movimentação cênica dos atores, garantindo uma fluidez dinâmica nas interações entre os personagens. Jairo Goldflus e João Caldas são responsáveis pela fotografia do espetáculo, capturando a essência de cada cena.
Marcos Veras, conhecido por seu trabalho na televisão e no teatro, traz ao palco uma interpretação que equilibra o carisma e as inseguranças de Joe DiMaggio, um homem acostumado à glória dos campos de beisebol, mas que se vê eclipsado pela fama de sua esposa, Marilyn Monroe. Veras, que transita entre comédia e drama com facilidade, explora a vulnerabilidade de seu personagem com nuances que vão além do estereótipo de atleta, oferecendo ao público uma performance envolvente.
A peça utiliza a ficção para levantar questões atemporais. Einstein, com sua genialidade científica, questiona as implicações morais de suas descobertas, enquanto Monroe, ícone de sensualidade, busca afirmar sua inteligência em um mundo que a reduz à sua imagem. DiMaggio luta com a ideia de ser apenas "o marido da estrela", enquanto McCarthy, com sua sede de poder, representa a paranoia política que define a época.
Insignificância está em cartaz no Teatro FAAP até 15 de dezembro. O espetáculo será apresentado de quinta a sábado às 20h, e aos domingos às 17h. Os ingressos variam entre R$100 e R$130, com meia-entrada disponível. A produção é uma realização da Velloni Produções, com o apoio de leis de incentivo cultural.
Esta peça oferece ao público uma rara oportunidade de ver um elenco estrelado, liderado por Marcos Veras, e um texto que equilibra comédia e pensamento crítico em uma noite de puro teatro.
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