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Foto do escritorPedro Cantelli

Fernanda Montenegro emociona 15 mil pessoas no Ibirapuera em leitura de Simone de Beauvoir

A atriz celebrou seus 95 anos com uma apresentação inesquecível ao ar livre, onde a projeção de sua leitura envolveu uma multidão em reflexões sobre liberdade, envelhecimento e o sentido da vida.

Imagens: Bruno Santos

Na tarde do último domingo, 18 de agosto, Fernanda Montenegro protagonizou um momento histórico no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. A apresentação da atriz, que leu trechos da obra "A Cerimônia do Adeus" da filósofa francesa Simone de Beauvoir, atraiu não apenas os 800 espectadores que conseguiram um lugar na plateia interna, mas também cerca de 15 mil pessoas que se reuniram do lado de fora para assistir à transmissão da performance em uma enorme projeção na parede externa do auditório.


A atriz, que completará 95 anos em outubro, foi surpreendida pela multidão que se estendeu pelo gramado do parque, e não escondeu a emoção ao comentar sobre o significado daquele momento. "Esse acolhimento é um presente de aniversário", afirmou Montenegro, visivelmente comovida ao término da leitura.


Antes de sua entrada em cena, Fernanda Torres, filha da atriz, subiu ao palco para introduzir a obra que, segundo ela, aborda acima de tudo, a liberdade e o impacto dessa noção em nossas vidas. Ela compartilhou como sua mãe foi influenciada por Beauvoir ao longo de sua vida, especialmente após a morte de seu marido, Fernando Torres, quando a atriz encontrou na obra da filósofa um espelho para suas próprias reflexões sobre envelhecimento, amor e liberdade.


Durante uma hora, a voz grave e inconfundível de Fernanda Montenegro conduziu o público por um passeio biográfico pela vida de Beauvoir, abordando temas como o encontro com Jean-Paul Sartre, a vida boêmia e intelectual na Paris do século passado, e as profundas questões sobre o que é ser mulher. A leitura foi acompanhada por uma audiência hipnotizada, que ao final, se levantou em um uníssono aplauso.


Fernanda Montenegro, ao lado da filha, agradeceu emocionada à plateia. "Por mais que eu agradeça, não há como corresponder à emoção desse momento", disse a atriz, que ainda refletiu sobre a importância do teatro em um mundo cada vez mais digitalizado. "O teatro é uma arte arcaica, primitiva, um ser humano diante de outro trazendo a presença de uma terceira dimensão. Isso está acontecendo em uma era eletrônica."


O evento marcou não apenas um tributo à sua longeva carreira, mas também uma celebração da própria vida, onde a atriz compartilhou com o público as palavras que tanto a influenciaram, reafirmando sua posição como uma das figuras mais respeitadas e queridas do teatro brasileiro.


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